Artigo

UM MEMORIAL DE PEDRAS

“Elas servirão de sinal para vocês. No futuro, quando os seus filhos lhes perguntarem: ‘Que significam essas pedras?’,

respondam que as águas do Jordão foram interrompidas diante da arca da aliança do Senhor. Quando a arca atravessou o Jordão, as águas foram interrompidas. Essas pedras serão um memorial perpétuo para o povo de Israel". Josué 4.6,7

Você conhece alguém que já viajou em vários países ao redor do mundo e trouxe de cada um deles um objeto (bandeira, ou um prato decorativo) como lembrança daquele lugar? Isso é uma prática comum aos apaixonados por viagens. Também temos nossas lembranças infantis afetivas. Esses dias minha esposa viu no site dos brinquedos ESTRELA o relançamento de bonecas da sua infância (no caso - Fofolete) e não teve dúvida, encomendou!

Há outra constatação, de que, com o passar dos anos, nossas memórias antigas, da infância ou juventude, ficam mais registradas do que as memórias atuais. Posso, facilmente, escalar a seleção brasileira tri campeã mundial de 1970 (detalhe, tinha oito anos e nem assisti direito a Copa), mas depois vi vídeo tapes e acompanhei alguns atletas na Copa de 74, como Rivelino, Jairzinho e Zé Maria, que foi reserva de Carlos Alberto Torres em 1970. Contudo não sou capaz de escalar a seleção que jogou no último mundial.

A memória do Povo de Deus também foi curta em alguns episódios. Após terem visto o grande poder de Deus exercendo juízo sobre Faraó e todo o Egito (através das dez pragas), e de terem passado a seco o mar vermelho (após celebrarem a primeira Páscoa), bastou quarenta dias longe da liderança de Moisés, para o povo virar as costas para o Senhor, pedindo a Arão que lhes fizesse um ídolo para que fosse o deus deles (no caso o bezerro de ouro). Podemos imaginar tanta ingratidão de um povo que na escravidão do Egito, clamou por socorro ao Senhor? - Disse o Senhor: "De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo(Êxodo3.7).

Depois de quarenta anos vivendo no deserto debaixo dos ternos cuidados do Senhor (maná que descia do céu, água que saía da rocha, coluna de fogo à noite, nuvem protegendo do sol durante o dia, as roupas não se gastaram, as sandálias permaneceram intactas) – Deuteronômio 29.5, chegou o tempo de atravessar o Jordão e tomar posse (lutar) pela terra prometida. Uma nova geração nasceu no deserto e desejava viver as promessas de Deus. À frente do povo, Josué, sobre quem o Senhor afirma: E o Senhor disse a Josué: "Hoje começarei a exaltá-lo à vista de todo o Israel, para que saibam que estarei com você como estive com Moisés(Josué 3.7).

Durante a travessia, veio uma orientação do Senhor, importante, pedagógica: “Façam um Memorial de Pedras”. De cada tribo um líder, de cada líder uma pedra, de cada pedra uma memória: “O Povo de Israel passou a seco pelo rio Jordão”. Glórias à Deus! Mas o “quadro histórico” pintado pelo Senhor tinha outros sinais, marcas: Os sacerdotes carregando a Arca do Senhor que ficou no meio do rio durante toda a travessia; sim, naquele dia ver a Arca da Aliança, ver as paredes de águas ao lado da terra seca – uma imagem inesquecível, de FÉ e VITÓRIA! Um dia uma nova geração vai perguntar sobre aquele Monumento de Pedras, e será dito: É um sinal, é um “memorial perpétuo”, uma lembrança do poder e ação de Deus a favor de Israel.

Passado o Jordão, Josué, por ordem do Senhor, realiza a circuncisão dos homens daquela nova geração e celebra a festa da Páscoa (Josué 5. 7 – 10). O Senhor confirma ao povo seu status de povo separado para o Senhor, portanto, santo. Josué recebe a mesma palavra que o Senhor disse a Moisés diante da sarça ardente, quando o comandante do exército do Senhor veio ao seu encontro e disse: O comandante do exército do Senhor respondeu: "Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo". E Josué as tirou (Josué 5.15). 

O Novo Testamento vai fazer uma ponte entre os símbolos presentes na Antiga Aliança e nossa caminhada de fé cristã. Por exemplo, a circuncisão, que representava um sinal, uma aliança entre Deus e os Israelitas, mostrando que eram separados para o Senhor. Paulo fala de uma circuncisão feita em nossos corações pelo Espírito de Deus – “Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Romanos 2.29).

Pedras têm grande significado ao Cristianismo. Nos remetem à Cristo Jesus, a Pedra Angular. Pedro (que significa pedra), também conhecido como Simão, diz aos sacerdotes sobre a cura do paralítico na Porta Formosa do Templo: “Este Jesus é ‘a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular’. 12. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4.11,12). Lá na frente, já mais maduro no exercício de seu apostolado, Pedro entende e percebe que cada cristão é uma “pedra viva”: À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — 5. vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.4,5).

Falando em Memorial e Pedras Vivas, dia 24/04/2022 a Igreja Batista Independente da Fazendinha – Curitiba PR, completou seu vigésimo quarto aniversário de organização. Sob o comando de seu novo pastor: Hélio Dias Bastos. Houve uma linda festa de Louvor ao Nome do Senhor Jesus. Apresentações de jovens, senhoras e homens (peças e cânticos). Um filme foi preparado com as fotos que representavam momentos específicos da história e memória de obreiros que ali passaram foram mencionadas. Houve homenagensa famílias desses homens, como do Missionário Nils Peter Sköre e Pastor Reinaldo Schmidt. Também a família Korevar, casa na qual começaram os primeiros cultos, houve HONRA E GRATIDÃO! Como participante (ainda vivo) dessa história, tive a oportunidade de ministrar a Palavra do Senhor! Bonito de ver, várias famílias fundadoras do trabalho e a chegada de uma nova geração, todos “pedras vivas” para dar continuidade à obra do Senhor naquele bairro de Curitiba.

Quais memoriais Deus tem levantado em nossas vidas? Sabemos honrar aos que nos antecederam no trabalho so Senhor? Temos uma linda história de 110 anos da iniciativa missionária Sueca em abençoar nosso país. Sobre esse tema, um importante livro, um verdadeiro memorial histórico foi produzido por nosso veterano pastor Apparecido A. Maglio – QUEM SÃO OS BATISTAS INDEPENDENTES? UMA ANALISE HISTÓRICO-DOUTRINÁRIA. Certamente um legado valioso às novas gerações de pastores e pastoras e de todos os amantes da boa leitura e da história.

ORAÇÃO: Obrigado, Senhor Deus, pela vida de cada obreiro, missionários, pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos; cada cristão (pedra viva) que trabalha e se esforça para continuar a edificar a tua obra, tua IGREJA. AMÉM!

Pr. Roberto Monteiro de Castro

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 2 anos atrás