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TOLERÂNCIA, CONVÍVIO E FÉ

Definição de Tolerância. 1.Disposição de admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir, diferentes dos nossos. Na vida social, a virtude mais útil é a tolerância. 2.Favor feito a alguém em determinadas circunstâncias; isto não é um direito, é uma tolerância.

Ao discorrermos sobre este tema, é impossível não pensar no seu antônimo: “intolerância”. Que é a indisposição de aceitar as diferenças na forma de pensar e de agir das pessoas.

A história mundial, bem como a história bíblica, nos dão muitos exemplos de intolerância. As Coreias do Sul e do Norte, divididas em ideologias, forma de governo, e também nas intransigências na comunicação e políticas externas.

A grande Alemanha, hoje unificada, viveu dias em que alguns poucos se orgulhavam do muro de Berlim, símbolo da indiferença pátria, da intolerância de pensamentos e políticas sociais. Hoje, juntos, os alemães são potência mundial e trabalham pela paz na Europa e no mundo.

O que dizer da Síria e sua guerra civil, fruto também das diferenças religiosas e de interesses políticos, na busca do poder e do controle territorial e financeiro. desprezam milhares de civis que se veem obrigados a uma fuga insana e perigosa na busca de oportunidades em outras terras. Esta intolerância já ceifou a vida de muitos inocentes, inclusive crianças.

No campo bíblico vale lembrar as dificuldades vividas entre judeus e samaritanos nos dias em que o Senhor Jesus viveu nesta terra. A intolerância era tanta que, ao viajarem da Judeia para a Galileia, faziam questão de se desviar de Samaria para não entrar naquela região. Jesus, no entanto, fez o caminho inverso dos judeus, o caminho da tolerância, fazendo questão de passar em Samaria e abençoar todo aquele povo, a começar pela mulher que encontrou tirando água do poço.

A semente do evangelho, a mensagem da salvação, não aceita a intolerância. Não importa se o terreno é pedregoso, à beira do caminho, entre espinhos ou se é terra boa. A semente é lançada para todos. Pobres, ricos, brancos, negros, asiáticos, índios. Feios ou bonitos, cultos ou indoutos, homens ou mulheres, crianças ou idosos.

A intolerância levou Hitler e seus seguidores ao extermínio de seis milhões de judeus em nome de uma raça teoricamente mais pura que as outras. Levou faraó à matança de milhares de crianças hebreias, para conter o avanço da população masculina, com medo de uma rebelião dessa nação escrava, contra a opulência e luxo vividos do lado de dentro do palácio dos nobres egípcios (Ex 1.22). Levou o desesperado Herodes à matança de tantas outras crianças inocentes, na tentativa de eliminar o “recém-nascido rei dos judeus”, que possivelmente era ameaça futura ao seu reinado (Mt 2.16 – 18).

Indo para a prática, como podemos ser mais tolerantes? 1. Tolerânciaéumaquestãoderespeito.

Respeitar pessoas que pensam diferente da gente. Creio que a diversidade de culturas e pensamentos enriquece a vivência humana. Fechar os olhos e ouvidos para o diferente é, muitas vezes, uma tentativa de proteção aos nossos valores adquiridos ao longo da vida. Aceitar e respeitar as diferenças, porém, não deve afetar nossas convicções a respeito da vida e da fé que temos em Deus e na sua Palavra!

2. Tolerânciaéumaquestãodeeducação.

Aprendemos desde pequenos, em nossos lares, a ser educados em relação às pessoas. A começar com os pais, irmãos, avós, tios e tias, e assim vai.... Irmãos aprendem a tolerar suas diferenças ao longo da vida. A dividir seus brinquedos, a ajudar a mãe em pequenas tarefas domésticas; a conviver com os avós, que, por pertencerem a uma outra geração, pensam tão diferente que os netos. Uma educação refinada ajudará as pessoas a conviverem melhor com a tolerância.

3. Tolerância tem seus limites.

Não devemos tolerar o mal e nem praticá-lo. Mas não devemos pagar o mal que nos fizeram com o próprio mal. O apóstolo Paulo recomenda: “Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos (Romanos 12.17). “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” ( Romanos 12.21).

Não podemos tolerar o pecado, e sim, as pessoas. Daí vivermos um grande dilema. É possível separar o pecador de seu pecado para sermos mais tolerantes? Como ser tolerante com uma pessoa e, ao mesmo tempo, intolerante com sua atitude comprometida com o pecado?

4. Tolerância aos olhos do mestre Jesus Cristo.

Talvez aqui encontremos respostas para o item anterior. Jesus soube trabalhar bem o paradoxo do amor e do zelo. Na questão do zelo pelas coisas de Deus ,Jesus mostrou-se intolerante, até radical. Ao ver a irreverência e desordem escancaradas no templo, com o comércio de animais e trocas de moedas com ágio, sua ira e zelo se manifestaram. Derrubou as bancas de trocas de moedas e cadeiras dos vendedores de pombas e expulsou a todos que profanavam o templo pelo comércio. Disse-lhes: "Está escrito: ‘A minha casa será casa de oração’; mas vocês fizeram dela um covil de ladrões’" (Lc 19 . 46).

Por outro lado, quanta tolerância e amor demonstrado às pessoas no intuito de salvá-las. Por estas atitudes Jesus foi muito criticado pelos judeus. Assentou-se e comeu com pecadores (Lc 19. 1 – 10). Manteve diálogo com mulheres para pregar o evangelho ( João 4. 1 – 42). Treinou homens simples, pescadores, de pouca

importância política, e os fez seus apóstolos (Lc 5.10). Curou no sábado por entender que isto não infligia a lei do descanso ensinada por seu Pai (Lc 13.16). Perdoou publicamente uma mulher pega em adultério em detrimento à lei de Moisés que permitia o apedrejamento público (João 8.11). Mesmo sofrendo e morrendo na cruz do calvário, orou ao Pai pedindo que os perdoasse, pois não sabiam o que estavam fazendo.

CONCLUSÃO

Todas essas atitudes demonstram, da parte de Jesus, uma atitude incrível de amor e tolerância para com os pecadores. Irmãos, o amor deve ser o equilíbrio de nosso zelo pelas coisas de Deus!. Se nos deixarmos guiar somente pela ira contra o pecado, não estaremos preparados para sermos tolerante com o pecador.

RMC

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 8 anos atrás