Artigo
O QUE EU RECEBI DO SENHOR
A Necessidade de um conteúdo ministerial que expresse, unicamente, o que temos recebido do Senhor.
A Igreja de Corinto, como todos sabem, não foi o que poderíamos chamar de uma igreja exemplo. Não foram poucas as necessidades de intervenção por parte do apóstolo Paulo em suas práticas eclesiásticas, bem como, em suas distorções doutrinárias. Entre elas, está a questão da Ceia do Senhor (1a Co 11.17-34). A Igreja de Corinto, como de costume, achou-se no direito de, conforme suas conveniências, ingerir, usurpando deliberadamente a forma, o sentido e o valor daquela celebração, tornando-a meramente humana, carnal, impedida de cumprir o seu propósito pelo qual fora instituída pelo próprio Senhor. No verso 23a, Paulo, enfaticamente, declara: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...”, esclarecendo aos irmãos daquela igreja que o ato da Celebração da Ceia do Senhor era uma instituição divina, estabelecida e determinada à Igreja pelo próprio Senhor Jesus, não podendo ser adulterada por quem quer que fosse. O próprio apóstolo se ateve a ensinar- lhes, diligente e unicamente, conforme o Senhor lhe havia dado.
A Bíblia é a Palavra de Deus, imutável e fidedigna; nela temos toda a instrução doutrinária para uma vida cristã saudável, próspera e triunfante. Não há necessidades de que, absolutamente, nada mais lhe seja acrescentado e, muito menos, retirado ou deturpado. O que precisamos como pastores, líderes e crentes é conhecê-La, estudá-La e obedecê-La; reconhecer nela nossa verdadeira e única regra de Fé e de prática. É por meio dela que recebemos do Senhor para que, por meio dela, vivamos e, no uso de nossas atribuições ministeriais, possamos ensinar aos demais. Fica claro na declaração de Paulo seu temor e sua fidelidade diante daquilo que havia aprendido. Ele não estava disposto, por nenhuma razão, negociar, transgredir ou alterar o conteúdo daquilo que tinha consciência de ser a verdade, “o que recebi do Senhor”.
O que eu e você recebemos do Senhor? Recebemos, de fato, dEle, alguma coisa? O que temos vivido? O que temos ensinado? Qual tem sido nossa prática ministerial? O que pregamos em nossos púlpitos? O que lecionamos em nossas EBD’s, reuniões e culto de ensino bíblico? Paulo afirma aos irmãos de Corinto que o que ele lhes havia ensinado era exatamente o que ele havia recebido. E nós irmãos, pastores do século XXI, podemos afirmar em nossas igrejas, às ovelhas sob nossos cuidados, com a mesma veemência de Paulo, sobre o que lhes temos pregado e ensinado? Sinceramente, olhando para a realidade de nossos dias, para as práticas explícitas, creio que muitos não podem fazer tal afirmação. Estou julgando? Não, não é preciso julgar para saber ou fazer tal afirmação, só é necessário constatar! Por que Paulo se ateve a ensinar apenas o que havia recebido do Senhor? Não seria talvez mais simples ou mais interessante fazer alguns ajustes aqui e ali? Não seria ele inteligente o bastante para isso? Isso não poderia ter lhe permitido ser um grande pastor, de uma grande igreja, ser amado por todos e, quem sabe, até ter vivido mais, envelhecer “honradamente” no ministério? Por que temos alterado o conteúdo do ensino do Senhor? Quais as nossas justificativas? Quais as nossas razões? Será nossa inteligência? Será que vemos o que Paulo, os demais apóstolos e outros homens e mulheres de Deus, piedosos, não viram? Somos mais perspicazes que eles? Ou será que nos achamos no direito de lançar novos fundamentos?
O certo é que temos visto e ouvido de tudo! Alguns argumentam que receberam uma nova revelação. Outros, afirmam que por força de determinadas áreas da ciência como a psicologia, ou a sociologia, ou a antropologia, ou mesmo a filosofia podem justificar mudanças na doutrina. O pior é que tudo isso é
feito sempre com a “melhor das intenções”, pelo menos no que tange aos interesses do homem. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo quanto aos interesses de Deus, a quem afirmamos servir! Precisamos voltar ao que temos recebido do Senhor, à Bíblia, seus preceitos e seus princípios, imutáveis, inegociáveis, absolutos e eternos. Precisamos estabelecer como prática de vida pessoal, familiar e ministerial aquilo, tão somente, aquilo que temos recebido do Senhor, mesmo que isso nos seja mais custoso, exija mais esforço, pareça dar menos resultado e até fira certos paradigmas de outras ciências. Talvez, assim, não sejamos tão populares, não tenhamos tanto sucesso, não sejamos tão valorizados ou aplaudidos. Tudo bem, pois o objetivo na verdade é apenas agradar Aquele que nos chamou, que tem confiado a nós o que há de mais precioso e poderoso nesse mundo, os Seus Ensinos, a Sua Palavra, o poder de Deus para transformar a todos os que nela crerem. Esse é o nosso ministério! Que seja esse também o nosso falar: “Pois o que eu recebi do Senhor é o que também vos ensinei...”.
Pr. Jackson Jean Silva.
Pastor da 1a IBI de Ap. Goiânia-GO Presidente da UMBI 1o Vice-Presidente da CIBI