Artigo

EMPODERAMENTO FEMININO

“Já tinham desistido os camponeses de Israel, já tinham desistido, até que eu, Débora, me levantei; levantou-se uma mãe em Israel.” (Jz 5.7)

“Empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a equidade de gênero. É uma consequência do pensamento feminista e, mesmo estando interligados, são coisas diferentes. Empoderar-se é o ato de tomar poder sobre si”.1

Este é um tema atual e antigo. Sempre a questão da liderança feminina é pauta de discussão entre as nações e povos durante a história da humanidade. De fato, em muitas culturas a mulher é subjugada à liderança masculina, sem oportunidades de liderar, especialmente entre os muçulmanos (é lógico que existem as exceções).

A princípio, o próprio pecado de Eva trouxe uma consequência difícil no sentido de se submeter à autoridade do marido: “Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16b). Contudo o pecado não tirou da mulher sua capacidade de liderar, de assumir papéis importantes na sociedade. Mulheres como Angela Merkel (Chefe do Governo alemã). Ela é uma cientista e chefe de governo do seu país, e líder do partido União Democrata Cristã – Chanceler da Alemanha desde 2005. No passado recente, lembramos de Margaret Thatcher, a ex-primeira-ministra do Reino Unido de 1975 à 1990, falecida em 8 de abril de 2013, conhecida como a “Dama de Ferro” por sua firmeza na condução de seu governo. No cenário brasileiro podemos citar a Ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Carmen Lúcia Antunes Rocha (jurista, professora e magistrada brasileira, atual presidente do STF e Conselho Nacional de Justiça). Outro nome forte hoje é o de Raquel Dodge – procuradora- geral da República (Jurista, Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília e Mestre em Direito pela Universidade de Harvard).

No contexto bíblico, a juíza Débora é um exemplo clássico de “empoderamento feminino”. O texto bíblico afirma: “até que eu me levantei, levantou-se uma mãe em Israel”. Ok! Sabemos que foi o Senhor Deus que levantou e deu autoridade à Debora, mas o texto sugere algo do tipo: “Já que nenhum varão se levantou para defender Israel, eu me levantei!”.

A presença e liderança da profetisa Débora (Jz 4.4) era tão forte que quando ela chama Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, e lhe diz que o Senhor Deus de Israel ordenava que marchesse em guerra contra Sísera, comandante de guerra de Jabim, ressaltando que o Senhor lhe daria vitória, ele responde: “Se você for comigo, irei; mas, se não for, não irei” (Jz 4.8). Isto mostra o respeito que as pessoas e os líderes tinham por Débora. Era uma mulher de Deus!

 

1 Primeiro texto do tema no Google

No contexto da Igreja Brasileira e mundial muitas coisas mudaram ao longo do tempo. Mulheres não assumiam papel de liderança máxima na Igreja. Isso era, e ainda é, na maioria das vezes, papel do homem. Ainda estamos influenciados pelo texto paulino que diz: “A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio” (1Tm 2.11,12). Se formos estudar a fundo o contexto de todo o capítulo, a situação do “empoderamento feminino” fica ainda mais complicado. Então vamos pensar: 1. Paulo fala totalmente influenciado por um contexto cultural judaico. Isso precisa ser levado em conta nos dias de hoje. 2. Usamos os textos bíblicos que nos interessam ao ensino, quando o texto não é politicamente correto é melhor não mexer. 3. Na prática, temos visto mulheres de Deus exercendo uma liderança fantástica na missiologia, na eclesiologia, no ensino teológico, etc.

Num desses dias, transportando uma jovem de 18 anos, no meu trabalho com aplicativo de transporte público, ela me disse que iria à igreja. Era uma quinta-feira à tarde. Era um culto no meio da semana, no qual ela acompanharia sua pastora que pregaria a Palavra naquela noite. Ambas frequentavam a IEQ (Igreja do Evangelho Quadrangular) – uma das denominações na qual vemos um alto número de pastoras sendo as líderes principais da igreja. A pastora daquela jovem é a filha da saudosa pastora Oda Peçanha, que durante muitos anos liderou a 3a IEQ em Curitiba (PR). Perguntei àquela jovem: “Você não sonha com o ministério pastoral?”. Ela respondeu: “Sim, por isso acompanho de perto minha pastora para aprender e seguir os seus passos.”

Em nosso contexto Batista Independente, Deus tem levantado pastoras como Rosa Maria Valadão, Sonia Vargas, Noemi Burguer, Sandra Marina Pedroso e tantas outras que poderíamos citar. Glórias a Deus por isso!

A questão do “empoderamento feminino” não é uma questão de “feminismo”, de disputa com o homem, de direitos iguais. Não, nada disso é importante! O empoderamento é natural. Acontece por capacidade e méritos. Todos reconhecem, todos aceitam. No mês de fevereiro desse ano, durante a nossa Assembleia bienal da CIBI (em Guaratuba – PR) tivemos alguns grupos de interesses. Os líderes denominacionais não colocaram o nome dos palestrantes, somente os temas. Ledo engano, quando a maioria soube que uma das palestrantes era a psicóloga Roseli Kuhnrich de Oliveira, houve uma migração em massa para suas palestras. Isto sim é “empoderamento feminino”, que vale a pena presenciar.

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 7 anos atrás