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“Ansiedade: protagonismo humano ou falta de confiança em Deus”?

3. Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo 4 e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. "Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados. "1 Reis 19:3,4

A ansiedade pode ser ativada por vários fatores ao longo da vida. Situações diversas de tensões e lutas constantes para vencer as etapas naturais que se apresentam. Lembro-me de meu primeiro dia na escola. Naquele tempo(+/- em 1969) íamos direto para o primeiro ano. Acho que tinha seis anos de idade. Foi muito tenso, quase desesperador, deixar a casa segura e a presença materna para enfrentar um cenário completamente novo. Só não foi pior porque outra criança roubou a cena com uma crise escandalosa de choro o que me levou a pensar: “Ele está pior do que eu”!

Uma decisão profissional, uma escolha estudantil, a espera do ser amado (namoro, noivado e casamento), a chegada dos filhos, uma crise financeira, a perda de um emprego, a partida de um ente querido, o TCC no final do ano, o exame do Detran para a tão sonhada carteira de habilitação, etc. São tantas as situações que podem desencadear a tal “Ansiedade” em nossas vidas.

O maior problema talvez seja não saber lidar com este sentimento. Creio que de um modo geral é bem natural ficarmos ansiosos de tempos e tempos, faz parte de nossa natureza, de nossa estrutura humana, fisiológica, emocional. Mas se teremos condições e se saberemos lidar com a ansiedade, aí está a questão.

O exemplo do profeta Elias traz reflexão. O texto diz que ele teve medo. Medo inevitavelmente causa ansiedade. Outros personagens bíblicos tiveram medo também. Adão teve medo de Deus quando comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e de mal (Gn 3.10). Abrão teve medo de ser morto pelo rei do Egito por causa de sua bela esposa Sarai e pediu para dizer que eram irmãos (Gn 12. 10 – 12). Moisés teve medo de ser revelado que ele matou um Egípcio e então fugiu (Ex 2. 14). E Assim vai. Todos nós temos medos em nossas vidas! Se Jesus teve medo não podemos dizer, mas no Getsemani, na hora da oração antes de ser preso ele expressou: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal” (Mt 26.38). E pediu: “Pai, afasta de mim este cálice”.

O medo e a tristeza de Elias se aprofundaram. O grande profeta desejou a morte, pediu a Deus a morte e depois mergulhou numa profunda crise depressiva buscando o sono como fuga e refúgio tal era seu momento de

“enfermidade emocional”. Parece até estranho e tem sido tema de tantas pregações perceber que o grande profeta Elias, usado por Deus com tantos sinais e maravilhas, tremeu diante de Jesabel. Queridos pastores, quantas “Jesabeis e Acabes” surgem ao longo de nosso ministério para perturbar e tirar nossa paz! Quantas madrugadas passamos acordados porque o sono se foi pelas preocupações na Igreja, e assim somos desafiados a enfrentar nossos medos e temores ao longo da vida. Lembro que dizia a minha esposa ao terminar a última reunião de liderança que escolhíamos os lideres de departamentos e tudo ficava acertado para a Assembleia que viria. Chegava em casa e dizia: “UFA, vencemos mais um ano”. Assim foram 21 anos pela Graça de Deus!

De fato confiamos em Deus e temos nEle refúgio para estes momentos difíceis. A oração, muitas vezes regadas ao choro da amargura, ao pranto do desabafo, pode exercer fator curador. Sabemos que nosso Deus é poderoso para nos dar a vitória. Provérbios 18. 10 afirma: ”O nome do Senhor é torre forte, os justos corre para ela e estão seguros”. Aleluias e Glórias a Deus.

Mas as vezes as lutas estão tão grandes, as ansiedades intensas, o medo crescente e a depressão bate à porta. Aí precisamos de uma ajuda humana, terrena, enviada por Deus mesmo. No caso de Elias foi um anjo que estava presente e materializado e que levou ao profeta uma “Palavra de Deus”, mas também pão e água. Teve que chamar o profeta duas vezes...

Irmãos, o índice de suicídios entre pastores e familiares é alarmante. É preciso socorrer. Temos que ter pessoas para desabafar. Fazer terapia não é pecado.

A fé não pode ser doentia. Enjaulada num sistema religioso legalista e cheio de cobranças. A fé é dinâmica e os seres humanos são diferentes. Minha experiência pode ser diferente do outro e todos podemos ser curados por Deus e ajudados por “anjos” que Deus coloca em nossas vidas.

Bem entendeu o apostolo Paulo a respeito da ajuda mútua: “Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (Gl 6.2). Amém!

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 7 anos atrás